sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Casamento gay - "O direito ao voto"


Olá a todos que me têm seguido até aqui, desejo-vos desde já um óptimo ano de 2010... Sei que tenho estado um pouco ausente, mas deve-se ao facto de achar que nada havia a falar de novo...

Hoje decidi "findar" os artigos sobre este tema que muita tinta tem feito escorrer.

Quarta-feira passada houve uma reunião em S. Bento, que juntou ao almoço o secretário-geral socialista, o líder do grupo parlamentar do PS, Francisco Assis e a restante direcção da bancada. Almoço esse que deixará sequelas nas relações entre a bancada do PS e o primeiro-ministro José Sócrates.
O encontro foi prolongado e tenso, de acordo com os relatos feitos por membros da direcção parlamentar, com Sócrates a travar a intenção de liberdade de voto, que, recorde-se, chegou a ser admitida publicamente por Assis. "Nem sempre À consonância entre mim e o secretário-geral", assumiu ontem o líder da bancada em declarações aos jornalistas no Parlamento.
O almoço serviu para debater a liberdade de voto do PS face aos diplomas do BE e do PEV, que prevêem nos seus projectos a possibilidade de os novos casais adoptarem crianças. Mas Sócrates impôs a sua decisão: haverá disciplina de voto para todos os projectos em votação, incluindo a petição que propõe o referendo.
O Líder do PS admitiu, porém, duas excepções: dará liberdade de voto aos deputados Sérgio Sousa Pinto e Duarte Cordeiro, que sempre destacaram pela defesa do casamento gay e do acesso à adopção. Refira-se que, ao lado de Sousa Pinto e Cordeiro, os diplomas do BE e do PEV acolherão também os votos favoráveis de 3 deputados independentes eleitos pelo PS: Miguel Vale de Almeida, João Galamba e Inês de Medeiros.
No encontro com Sócrates ficou ainda estabelecido que todos os deputados devem comparecer ao debate e que as eventuais ausências terão de ser criteriosamente analisadas e justificadas. Esta preocupação do líder socialista prende-se com o receio de que a bancada do PS apresenta lugares vazios na votação que decorreu hoje. Pelo menos uma dezena de parlamentares deram sinais, nas últimas semanas, de querer reservar-se o direito de não votarem a proposta do Governo.
A direcção da bancada iniciou diversas diligências para que todos os deputados estejam presentes no debate, transmitindo a mensagem de que é necessário apresentar coesão interna. Isto mesmo foi comunicado quarta-feira aos socialistas, numa reunião que já se previa agitada.
A proposta do Governo tem já garantias a aprovação do PCP e do PEV. Os bloquistas, porém, vão manter o suspense sobre o seu sentido de voto. A reprovação não é equacionada, mas a bancada pode abster-se.
Na reunião do grupo parlamentar, quinta-feira de manhã, ficou decidido a orientação de voto. De acordo com as contas feitas pelo BE, a abstenção pode acontecer se faltarem, pelo menos, seis deputados do PS. Se essas ausências se confirmarem, o BE não deixará de aprovar o projecto do Executivo. Até porque o bloco sabe que na bancada do PSD apenas um deputado (José Eduardo Martins) confirmou votar a favor dos diplomas do Governo, BE e PEV, e os bloquistas não querem ficar com o ónus de serem responsáveis pelo chumbo da legalização do casamento gay.
Na eventualidade de os socialistas assegurarem a aprovação só com os votos do PEV e PCP, o BE pode mesmo abster-se, manifestando assim a sua rejeição de uma proposta que, acusam, cria uma nova discriminação ao excluir os casais homossexuais de acederem à adopção.

Irei escrever amanhã o resultado da votação, que já a sabemos...

Pena que num país que se considera democrata, não haja liberdade de voto, liberdade de pensamento, liberdade de expressão como bem se vê neste artigo...
Fico também triste por ver que o referendo foi recusado num problema que se diz ser "social", em que ninguém está interessado em saber qual é a nossa opinião.
Ainda temos nós o sonho, de que o nosso voto é uma arma? É a forma que temos de ser ouvidos e de mostrar o nosso desagrado?... num país em que é o próprio primeiro-ministro que tira esse mesmo direito aos seus deputados.

Não se enganem, é o país em que vivemos... Apenas fico contente por saber que Portugal é pequenino, pois se o nosso primeiro-ministro tivesse à frente de um país com poder de decisão... Nem quero imaginar o que poderia acontecer, mesmo assim temos sorte.

O Centro Neutro

Informação retirada do Jornal Público de 7 de Janeiro de 2010

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