quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Encerrar "a tragicomédia das eleições antecipadas" - Eng. José Sócrates


Estava ontem a terminar de jantar, quando reparei na tv várias reportagens originadas pela polémica entre S. Bento e Belém.
Uma das tiradas que mais gostei, deste circo político, foi o nosso primeiro referir que não tem jeito para se fazer de vítima... o resultado foi gargalhada geral em plena Assembleia... algo que pessoalmente também achei hilariante...

"Em democracia ninguém está acima da crítica." Por 3 vezes, José Sócrates disse a frase a pensar no Presidente da República. A quem vai hoje apresentar os tradicionais cumprimentos de Natal. No último debate quinzenal de 2009, também muito marcado pela economia e pelo próximo Orçamento de Estado, Cavaco Silva foi o ausente mais presente.
Primeiro foi Paulo Portas a puxar pelo assunto, ao perguntar se o primeiro-ministro estava "à procura de um pretexto para não governar, para precipitar uma crise política".
Sócrates só respondeu directamente à segunda, já o debate no Parlamento ia a meio, quando Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, o incitou a uma clarificação: "Quero, aqui e agora, acabar de vez a tragicomédia das eleições antecipadas num clima de intriga e crispação". Tudo por causa do mais recente episódio das críticas do PS ao Presidente por estar a intrometer-se na agenda do Governo, ao secundizar a proposta do casamento gay, face aos problemas económicos e sociais do país. Louça quis ouvir o que pensava Sócrates e ouviu.
"Em relação ao Presidente da República: no meu entendimento ninguém está acima da crítica. Já tenho discordado com o Presidente e não levou a nenhuma dramatização". Continuando "Confundir o debate político com conflito institucional ou desrespeito é um pobre entendimento da nossa democracia". O primeiro-ministro até ironizou o líder bloquista dando-lhe um papel onde não se reverá: "O que não sabia é que estava tão zeloso para ser porta-voz do Presidente na Assembleia da República. Há algumas semanas teria sido mais útil quando o Presidente não tinha porta-voz para a imprensa".

(mais uma vez, ainda bem que o nosso primeiro, não tem jeito para ser vítima... O que ele refere é incoerente com o que faz... Ainda fala de democracia??? Palavra essa que já não mora no nosso vocabulário... Como quer ele que o Presidente se ponha de parte nos assuntos do Governo, se a última palavra é sempre de Cavaco Silva...??? Não temos direito à nossa opinião??? Mais uma vez... Democracia???)

Indirectamente (para variar), Sócrates respondeu às reservas de Cavaco em colocar o tema do casamento gay na agenda quando há outros problemas por resolver. Uma e outra coisa podem fazer-se em simultâneo e "não colide" com as preocupações sociais do Governo nem com a "tarefa diária" do "combate ao desemprego".

(combate esse que tem sido muito bem feito, visto que em Novembro passado, houve um aumento de 28,2% no número de inscritos nos centros de emprego em Portugal...)

Menos azeda foi a troca de argumentos de Sócrates com Manuela Ferreira Leite, que na véspera acusar o primeiro-ministro de fazer "chantagem política" sobre o Presidente e o Parlamento. A presidente do PSD insistiu no dossier do "problema mais grave" do país, o endividamento externo, e na falta de resposta do Governo a este problema. Queria saber como "e a que preço" seriam pagos os grandes investimentos públicos, como o projecto do TGV, embora tenha antecipado a resposta numa frase: "Aquilo que está num comboio de alta velocidade é o país, que há muito tempo saltou dos carris e avança sem travões". Para Ferreira Leite, com tantas dívidas, o país está a perder a sua "independência económica".
O líder do CDS-PP apontou o dedo à forma de Governar de Sócrates. "O Governo não teve uma única proposta recusada. Pelo contrário, teve o Orçamento rectificativo aprovado. Há apenas 3 propostas de lei do Governo", notou Portas, levando o primeiro-ministro a reconhecer que legislado por decreto. A aprovação na generalidade pelos partidos da oposição de um pacote de medidads económocas esteve no centro do diálogo entre Sócrates e Portas. Uma das iniciativas aprovadas foi a devolução do IVA em 30 dias, proposta que também será discutida no conselho Europeu. O líder do CDS quis saber o que pensava o primeiro-ministro sobre o assunto. Mas Sócrates preferiu questionar as razões dos centristas ao aprovarem o fim do Pagamento Especial por Contas, "que demorou muitos anos a ser implementado". "Acabar com um imposto que representava 400 milhões de euros numa altura destas, isso é uma irresponsabilidade", insistiu Sócrates.

(imposto esse que castigava as pequenas e médias empresas, por obrigar a uma colecta mínima)

A compra da Cimpor, que já tinha sido questionada por Louçã, foi um dos alvos do líder do PCP. Jerónimo de Sousa quis saber se a CGD - que detém 25 por cento da empresa - "deve ser o veículo" para se manter sob controlo nacional ou o Governo "vai permitir que o centro de decisão [da cimenteira portuguesa] emigre e os lucros também". Sócrates afirmou que o "resultado final da actuação da CGD será no sentido de defender o que se considera melhor para a empresa", mas a resposta não satisfez Jerónimo.
O líder comunista confrontou Sócrates com o boletim de execução orçamental entre Janeiro e Novembro para o subsector Estado, referindo que a iniciativa para o investimento e para o emprego teve uma execução uma execução de 53%. Sócrates precisou que o boletim refere-se "à execução financeira e não à execução física" e que no caso dos programas de redes de nova geração o Governo "só vai fazer as adjudicações agora".
Na última intervenção do debate, a deputada de Os Verdes, Heloísa Apolónia voltou às relações com Belém e, pedindo que Sócrates voltasse ao discurso humilde, lançou-lhe uma pergunta directa: "Está mesmo disposto a governar durante 4 anos?" O primeiro-ministro devolveu a crítica da arrogância e repetiu: "Quem governa é o Governo, com o maior respeito pela Assembleia da República".
Portas ainda referiu, citando uma frase do primeiro-ministro, em relação à polémica com Cavaco Silva, "tenha juízinho"...

Sócrates acabou o debate dizendo que "em 1974 foi preciso dizer aos militares que quem governa é o Governo... e agora é preciso dizê-lo de novo".....

Mas é o país em que vivemos... Liberdade?? Só mesmo para alguns...

O Centro Neutro

Informação retirada do jornal Público de 23 de Dezembro de 2009

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